[Camões] viveu em tanta pobreza que, se não tivera um jau, chamado António, que da Índia trouxe, que de noite pedia esmola para o ajudar a sustentar, não pudera aturar a vida, como se viu: tanto que o jau morreu, não durou ele muitos meses.

 

Pedro de MARIZ (1594)

Camões hidup dalam kemiskinan sedemikian rupa sehingga, jika dia tidak memiliki pembantu jawa bernama António, yang dibawanya dari India, yang mengemis untuknya pada malam hari, maka dia tidak akan dapat bertahan hidup, sebagaimana terbukti: begitu pria jawa itu meninggal, dia tidak dapat bertahan beberapa bulan lagi.

 

Pedro de MARIZ (1594)

 
HOMENAGEM DA CIDADE DE LISBOA A ANTÓNIO:
RUA JAU, na junção da RUA LUÍS DE CAMÕES, PARALELA À RUA DOS LUSÌADAS, desde 12 de novembro de 1885.

existe outra rua em algueirão, HOMENAGEM TAMbÈM DO POVO DE SINTRA Ao JAu.

Retrato de Antonio, o jau, por Grammy Osk, 2020

     Camões pôde contar com a amizade e a dedicação de um amigo asiático, de seu nome António, javanês cristão que ele teria conhecido na sequência do seu naufrágio no Cambodja, quando passou por essa Opulenta Malaca nomeada  (...) / Malaios namorados, Jaus valentes, LUS X.44.4,7, enquanto esperava por nau que o levasse a Cochim e depois a Goa, em c. 1565. A partir desse momento, António não mais o abandonaria até à sua morte em 1580, poucos meses antes da própria morte de Camões.

     Entre as várias lendas geradas por esta amizade, avulta a ficção criada por Manuel de Faria e Sousa, que pretendeu que o bravo jau era un esclavo cuyo nombre era Antonio, natural de la Java, VDP2.29. A inverosimilhança de alguém que não tinha dinheiro sequer para comer poder manter um «escravo» sem o vender foi já realçada por Storck, que achou que essa sugestão famtasiosa representaria um luxo exorbitante para um poeta faminto, 1897:271. Terá sido antes seu ajudante, factotum e cuidador, uma presença providencial para a sobrevivência do Poeta nos seus últimos anos.

     Levados pela imaginação, os artistas têm recriado esta amizade sempre erroneamente, umas vezes retendo a lenda do «escravo» e imaginando-o negro, outras supondo-o junto de Camões em Macau (1562-1564), outras trajando-o com um turbante muçulmano, outras ainda a seus pés no leito de morte. Todas estas cenas são obviamente impossíveis. A mais credível recriação é a da artista indonésia Grammy Osk, que retrata António como ele realmente foi, em diversas cenas da sua vida com Camões: livre, de tez clara, com traje orientalizante (sarong) mas cristão, acompanhando Camões em Malaca e depois em Lisboa, durante a doença mas não na morte do Poeta.

 

Felipe de SAAVEDRA (2021)

ANTONIO DALAM SASTRA:

 

  • Johann Friedrich KIND (1813) Camoens und sein Neger (poema).
  • Visconde de Almeida GARRETT (1825) Camões, poema.
  • Visconde de CASTILHO (1849) Camões. Estudo histórico-poético (teatro).
  • Leone FORTIS (1850) Camoens o Poeta e Ministro (teatro).
  • Leone FORTIS (1854) Le ultime ore di Camoens (cena dramática em verso).
  • Casimiro de ABREU (1856) Camões e o Jáo (cena dramática em verso).
  • Francisco Gomes de AMORIM (1858) 'O jau' (poema), Cantos Matutinos.
  • Guillaume de la Landelle (1860) A velhice de Camões (novela).

Camões e António, por Salsabila Auralia, 2022

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